terça-feira, 19 de janeiro de 2010

l'oeil public



Quando estas coisas acontecem e vemos o que é genericamente publicado na imprensa, disponibilizado na internet, creio ser altura de uma classe se reunir e pensar o que quer para o seu futuro.
Há a hipótese de subjugação a poderes mais ou menos obscuros, a da adaptação à era do faz-tudo, preferencialmente por pouco dinheiro ou, outra possibilidade, a de manter a dignidade. Sua e do seu trabalho.

Ouço dizer, e acredito, que os tempos são outros, que os orçamentos estão cada vez mais reduzidos, que o papel se vende menos, menos e menos. Há dificuldades reais. Para muitas pessoas, por vezes comprar diariamente um jornal ou semanalmente uma revista pode ser um luxo, para mais se existem tantos conteúdos gratuitos.
Porém, acredito que ainda há público para a qualidade e se alguém gosta efectivamente de uma coisa, faz um esforço para a comprar. Não podem é dar-nos gato por lebre. Há que distinguir entre o que custa X mas nos oferece sempre talento e o que custa Y mas, sistematicamente serve jorda.

Até pode ser, como tem sido, que os profissionais vejam baixar as suas receitas e aceitem sujeitar-se a tal. Porém, por parte das empresas, dos editores, de quem faz os orçamentos, tem de haver também a honestidade de, aumentando os lucros, saberem distribui-lo por quem faz de uma publicação um êxito de mercado.

L’Oeil Public fechou. Creio que outras o fizeram ou diz-se que vão fazer. Por desadaptação, declaram. Por honestidade, digo eu. Porque não se subjugou a leis de mercado dúbias, o colectivo “fecha os olhos para permitir aos seus fotógrafos mantê-los abertos”.
Por cá, pequeninos que somos, a crise, essa hedionda palavra, é ao nosso tamanho. Senti-la-emos verdadeiramente depois de todos os outros estarem a recuperar. Para que não chegue verdadeiramente a acontecer, é altura de tocarem a reunir. Não com amiguismos ou simpatias mas com a objectividade que só a humildade e a vontade de fazer conseguem.

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